10 novembro 2008

Mini conto

Futebol e San Francisco
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...Depois de um banho revigorante, entre sais e cheiros, ela o esperava como combinaram. Os minutos, uma eternidade, pela ansiedade em revê-lo e saciar o fogo que lhe incendiava a alma e o sexo. O jogo de futebol terminara e ele viria ao seu encontro depois de muita festa, cerveja e San Francisco. A euforia pela partida ganha, no entanto, não superava o efeito do álcool, mas somava-se a ele. Nunca o vira tão alterado. O toque do telefone fez seu coração disparar e sua intuição a alertava e numa corrida desvairada foi ao encontro do seu homem que a chamava em desespero. Escoriações, hematomas, um fio de sangue escorrendo por entre os lábios e uma mente insana ocupava o corpo perfeito que naquela noite seria mais uma vez seu. Chutes, socos, corpos rolando ao chão, um tiro a esmo. Roleta russa. A embriaguez e o instinto aguçado o levaram à viagem quase sem volta. Reação a um assalto de seu delírio alcoólico, mas que deveras nunca existiu. Voltavam da festa eufóricos quando o carro quebrou. O auxílio veio de estranhos e o coração apedrejado viu no socorro o inimigo e fim. A esperada noite de amor transformou-se em dor. O carinho dela curou-lhe as feridas e ele adormeceu um sono gemido, um coquetel amargo de repudia e vergonha. Um sono velado pelo amor e incompreensão pelo excesso descabido, pelo amor que em pensamento tomou o homem-menino nos braços e ninou... Na manhã seguinte o silêncio e pra sempre a cumplicidade do que nunca existiu.

Conto de Suka Inglez, 2004

Um comentário:

. disse...

Suzana... eu adorei seu texto e sua forma de escrever. Muito envolvente!!!
Nossa... quantas amigas artistas eu tenho!
Quero um livro seu! Já tem publicado?
Ah... muuuito obrigada pelas visitas constantes e todo o carinho que vc deixa por lá!
Adoro receber sua visita tão doce.
Beijo grande!